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Triste cuíca (Mapalab + Janela, 2024)  

Triste cuíca traça um inventário sobre a construção da memória e aponta como a escrita interfere e cristaliza fragmentos da vida e da história. Ao revisitar seus diários de infância e adolescência e as lembranças ora cômicas ora angustiadas da pandemia, Julia Wähmann cria um mosaico sobre o gênero literário notadamente confessional, que, como crônicas, capturam um estado de espírito e o retrato de uma época. A partir dessa escrita de si, da leitura de diários de grandes escritores e das reminiscências dos relatos de seu avô escritos durante sua participação na Segunda Guerra Mundial, o livro investiga a própria matéria de como a realidade é forjada e

qual é a distância que separa a ficção das coisas reais.

Dilermando, o cão (Elo, 2023)  

ilustrações: Rafa Antón

 

“Triste cuíca” reforça que da memória não se escapa​

Julia fez achados felizes nos diários de Virginia Woolf (1882-1941). A escritora britânica foi profícua em registrar seus dias nada comuns. Ela viveu tempos duros: toda a Primeira Guerra, por exemplo, e desistiu quando a Segunda estava começando. Em seus escritos, disse que aprendera a ver o costumeiro tempo ruim de Londres, com muito vento e chuvas pesadas, como uma proteção contra os bombardeios inimigos. É uma ótima associação ao confinamento exigido pela Covid — e olha que capturar um pingo de otimismo na obra de Woolf não é exatamente fácil. Ponto para a carioca.

Mais interessante — e tocante — é Julia desencavar o diário de um avô seu que foi para a Segunda Guerra. Era um oficial que gostava de alimentar seus diários. Há vários paralelos curiosos entre o que Julia e o avô viveram — até porque, afinal, a pandemia também foi uma guerra.

Por Nelson Vasconcelos, O Globo

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Dias de domingo (José Olympio, 2022)

Uma coletânea com alguns dos principais nomes da prosa brasileira contemporânea que reflete sobre o domingo – um dia da semana especialmente envolto em suas próprias alegrias, mistérios e revelações.

 

Um dia aguardado, festejado, temido, diferente dos outros. Ninguém fica indiferente ao domingo. No domingo cabe toda uma vida, várias mortes, sorrisos, visitas, choros, muitos ou só alguns chopes, um descanso, um desassossego, encontros, desencontros, com os outros, consigo, cabe muita coisa num domingo. Imagine então o quanto cabe numa coletânea de domingos ― ou em Dias de domingo.

Organizada por Eugênia Ribas-Vieira, essa coletânea reúne quinze escritoras e escritores que têm se destacado no atual cenário literário brasileiro se inspiraram (e muito) nessa temática ao mesmo tempo tão universal quanto particular. A multiplicidade das vozes que compõem esta antologia potencializa o tema, que acaba por tocar não só nos dias de domingo, mas em toda a vida. De todos os modos.

Se é, afinal, a cada domingo que nos preparamos para os dias que virão, para a semana que se inicia, que Dias de domingoseja uma inspiração para seguir em frente, para ver a vida acontecer e fazer de conta que ainda é cedo, como diria a lendária canção.

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Manual da demissão (Record, 2018)  

 

Semifinalista do Prêmio Oceanos 2019 (O Globo)

Semifinalista do Prêmio Jabuti 2019 (categoria: Romance)

"Dói. Mas passa"

Desemprego não é assunto que costuma ser encarado com bom humor. Dá para entender. Em geral, significa perdas, lamentos, incógnitas e, por isso mesmo, medo do futuro. No entanto, quando esse desastre cai no colo da escritora carioca Julia Wähmann, é impossível não rir. Tendo em mãos o seu Manual da demissão, a gente ri até de nervoso. Mas ri muito. 

por Nelson Vansconcelos, O Globo. 

"Com humor, Julia Wähmann trata de perdas e demissão"

Você pode nunca ter sido demitido, pode já ter passado por isso algumas vezes (imagino que uma ou duas, no máximo, caso tenha nascido nos anos 1980) ou pode viver a expectativa disso há anos. E, com certeza, conhece alguém que já passou pela situação de ser dispensado. O fato é que você vai se identificar imediatamente com a personagem criada pela carioca Julia Wähmann nessa preciosidade que é o Manual da demissão. Então preste muita atenção quando colocar as mãos nesse livrinho: ele vai conversar diretamente com você e sim, vai fazer você rir de tão trágico o drama narrado. E ter algum carinho pela situação dolorida de ser dispensado 

por Nahima Maciel, Correio Braziliense

Crise econômica e desemprego viram enredo da literatura brasileira

Novos romances de Julia Wähmann e Marcelo Ferroni enfrentam os infortúnios do desemprego com boas doses de ironia e humor.

por Juan S Gabriel, revista Época

"Não é assim que acaba uma grande paixão"

Além de uma coleção invejável de ditados populares nomeando cada um dos capítulos e de representações fiéis das burocracias pós-demissão — se você nunca teve problemas para sacar o FGTS, se sinta agraciado — o que mais me fisgou em Manual da demissão é o quanto ele nos faz pensar nas nossas relações com o trabalho. O duplo abandono, amoroso e financeiro, não parece ser um acaso. Ao longo do livro, ela serve como uma balança que pesa mais para o segundo lado. Quase nunca J. se permite pensar e falar em detalhes do relacionamento falido (e do ex-namorado bunda que não recebe nome), enquanto a rejeição do patrão maluco ocupa boa parte de seu ano.Nesse contexto, até mesmo músicas de pagode são ressignificadas.

por Seane Melo, Mulheres que escrevem

"Desempregado? Só Pra Contrariar é a trilha sonora do Manual da Demissão"

Apostando no humor e no sarcasmo, embalada por referências que vão de The Smiths ao já citado Só Pra Contrariar, passando por Legião Urbana e Roberto Bolaño (escritor chileno, não confundir com o intérprete do Chaves), a novela é é um divertido e oportuno livro conectado com a realidade do país e de parte dos seus cidadãos. "Manual da Demissão" trata do nosso momento sem que a narrativa acabe se transformando em um berro político, uma análise sociológica ou algo do tipo.

por Rodrigo Casarin, Página Cinco

Crônica do desastre

Mistura feliz do surrealismo Kafkiano com a crítica social de Saramago, Manual da demissão diverte pela noção contemporânea da dor ao mesmo tempo em que faz uma análise certeira do que é existir enquanto adulto em um país falido cujas filas são sempre intermináveis. Entre uma praia e outra, os personagens cujos nomes não ultrapassam iniciais veem em Portugal a última fronteira da esperança. Sozinha e lutando dia após dia, J. começa a se tornar uma acumuladora de caixas alheias e perspicaz observadora do mundo ao redor.

por Mateus Baldi, Resenha de Bolso

"É a crise, você sabe"

Manual da Demissão é um livro tão gostoso de ler que dá para ser finalizado de uma vez só. Os nomes de capítulos que remetem a bordões que repetimos sem pensar e trechos de música popular funcionam como uma versão cômica da repetição enlouquecedora da burocracia empresarial. Em 2018, o Bartleby de Julia repete o tempo inteiro: “É a crise, você sabe”, e quando somos guiadas pelas suas frases cheias de referências pop o desespero trabalhista dos últimos anos não soa tão desesperador.  Afinal, é uma escolha a lente pela qual olhamos o mundo, a comédia ou a tragédia, e rir de si mesmo se transforma numa virtude primordial em dias de depressão.

conversa com Clara Drummond, Hysteria

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Cravos (Record, 2016)

​"A dança de Julia Wähmann"

Encontrei Cravos de Julia Wähmann na prateleira de uma livraria montada especialmente para o Dia Internacional da Mulher. Li o começo durante o café e fiquei na mesma hora perplexo com o livro. É uma série de capítulos muito curtos que entrelaçam reflexões sobre o ato de dançar com a narrativa obscura e entrecortada de um relacionamento afetivo. (...) O livro foge do clichê, hoje profundamente batido, que sustentou certa literatura por muito tempo, o de “representar o outro”. Cravos mostra que um narrador não pode extrapolar seu próprio espaço e só tem mesmo o seu ponto de vista. Quem dança no palco, junto a ele, somos nós.

por Ricardo Lísias, Peixe Elétrico.

​"Cravos, de Julia Wähmann"

Julia Wähmann constrói não somente uma narrativa lírica, mas uma narrativa cuja estrutura é do mínimo. Isto é, se o lírico se manifesta por via diversa na prosa, a escolha da escritora é a do mimetismo da forma, o que pressupõe não uma leveza e sim uma alta concentração de sentidos. Os signos são objetos de significar; se o que faz é recontar sempre a mesma história, esse recontar assume tons diversos. Estamos ante uma pintura cuja imagem é composta de tonalidades – exercício que amplia a necessidade de uma perseverança do leitor sobre o que lê/ vê. Logo, é um jogo de criação não o da necessária mimesis ou talvez a mimesis aqui se assuma como criadora, o que exige uma participação do leitor além da simples organização de situações. Tais exercícios são um zelo pelo leitor e esse zelo é motivo para se desvendar narrativas como essa.

por Pedro Fernandes, Letra in.verso e re.verso

"Dançar com palavras"

Romance de estreia da carioca Julia Wähmann é uma bela aproximação com a linguagem da dança através da memória e da saudade – e uma homenagem às criações da coreógrafa e diretora alemã Pina Bausch.

entrevista para Carlos Henrique Schroeder, blog da Record

​"Lista de livros indicados"

Mistura de prosa, poesia e dança, com belas passagens sobre o amor, sobre a incompreensão, sobre o cotidiano, sobre a pele, o livro é como um movimento que já começou e ainda não terminou. Dele, temos apenas um pedaço, um fragmento. E nesse fragmento há muitos fragmentos, muitos vazios, espaços em branco, textos curtos, perguntas, respiração e, por vezes, falta de ar. 
por Tatiana Salem Levy, Valor Econômico.

"A página é o palco"

Histórias de amor e clichê já viraram rima forçada. Desafio é falar dos encontros amorosos de uma forma que assombre, assuste, desestruture, descontrole ou simplesmente estimule reflexão no leitor ou no espectador — como se estivessem numa peça de teatro, num filme ou num espetáculo de dança a princípio incompreensível porque foge a um riscado, mas que, vastidão, deixam o lastro. Vez por outra a literatura contemporânea dá conta deste recado. Não que se pretenda reinventar a roda, mas a recusa do óbvio, das fórmulas fáceis, é um trabalho necessário. Os resultados são tão imprevisíveis quanto o projeto.

por Claudia Nina, Jornal Rascunho

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